terça-feira, 26 de agosto de 2008

relato de um musicante

É triste saber... é chato saber... diria eu, é tortuosa a vida de quem sabe, de quem sente, de quem percebe. Viver neste mundo repleto de mentes anestesiadas, alheias ao pensar, ao conhecer, a profundidade do sentir. Quando se é jovem a ansiosidade o persegue, diante das novidades da vida, das imensas possibilidades que o conhecimento pode te levar. Mas você percebe o quanto é pequeno seu conhecimento sobre a vida, o quanto você ainda terá de percorrer para entender sobre si mesmo, sobre o que pensa, sobre aquilo que escuta dentro de si e que é tão diferente dos outros.

Enquanto seus colegas escutam, cantam insessantemente, e o pior de tudo, parecem que gostam aquele novo "hit" que toca no rádio, você está ensaiando, tão insessantemente quanto. Na TV mais uma música estoura e só você não está cantando ela, feito um fantoche. O tempo passa e você já entende mais sobre as coisas, sobre si mesmo e sobre o mundo. E isso, ao contrário do que aparenta, traz consigo um fardo enorme. O entendimento da música, não de maneira matemática, ou como negócio, ou como qualquer outro entendimento físico, é sim um enorme fardo. Você sente seu poder, tudo aquilo de bom que proporciona, e ao mesmo tempo vê o quanto insensível - apesar de música não existir sem sensibilidade - pode ser uma pessoa. E assim, ao invés de tentar passar
aos outros, de tentar transmitir essa felicidade, se sente recuado diante da dificuldade em transpor a superficialidade das pessoas de hoje m dia.

Este muro encontrado pelos músicos ante a humanidade é cruel e sacrifica muitos novos pensadores do mundo... novos lennon's, novos morrison's, novos cazuza's.... como diria Vítor Ramil, penso que um músico de verdade hoje em dia se encontra "entre o começo do inferno e o fim do céu" e, talvez agregado a outros tantos pensamentos e conclusões, inclua eu agora o fato de saber o quanto é difícil permanecer lúcido diante do mundo.

Andreas Hansen

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